A Amanda Bento é o foco dessa nova edição. Ela é Product Manager, com vasta experiência em produtos internacionais e mercado financeiro e, além disso, autora de livros, ou seja, uma empreendedora que nos inspira! A dica musical dela pra ouvir durante a leitura é Heart of Gold do Neil Young. 🎵
A jornada até a carreira de produto
A jornada da Amanda é mais um exemplo de que, cada vez mais, as carreiras são pouco lineares e a curiosidade e inquietação nos move a chegar no lugar em que faz mais sentido a depender do nosso momento de vida e ambições:
Trabalhei como vendedora até de bolsa, e passei por uma fase no telemarketing. Chegou um momento que eu estava cansada de vender ou defender um produto, mesmo sabendo todos os problemas que ele tinha. Eu queria um cargo que me permitisse mexer nesses atributos, que me permitisse participar de todo produto, não só da venda dele. Juntou essa inquietação com o fato de que eu converso muito, deu no que deu! Hahaha… depois, também teve uma jogada de sorte: eu me sentava do lado do time que desenvolvia o site e o app da Telecom onde eu atuava como analista de negócios, a curiosidade pela tecnologia me fazia ouvir tudo até eu começar a participar.
Como tem sido a jornada
Sua jornada é marcada pela paixão por resolver problemas, foco no negócio e no cliente, mesmo diante dos desafios recorrentes da área:
* Voz do Cebolinha: “Ai, ai…” *
Tem sido muito bonita, na verdade, ao mesmo passo que muito desafiadora. Eu venho trabalhando, da Telecom, em ambientes que ainda estão abraçando a transformação digital, onde muitas premissas são arraigadas e difíceis de romper, então é um trabalho de formiguinha. Isso me ajudou a desenvolver e aplicar técnicas de inovação em nível capilar: já que não posso mudar a cultura, posso pelo menos, colocar um teste A/B, ou inserir o tagueamento em uma tela que nunca teve isso. De teste em teste a galinha foi enchendo o papo e defendendo seu ponto com os stakeholders.
Dias de luta, dias de glória…
Insucessos que geram aprendizados interessantes:
Vamos começar pelo insucesso que é mais interessante: eu como boa otimista não considero nada um insucesso, mas talvez resultados que demoraram a chegar ou erros na direção de estratégia. O maior dilema de trabalhar com legado e ambiente complexo é estratégia. Até aprender meu caminho em persuadir stakeholders, obedeci muita “estratégia” incipiente e fui culpada por ela não performar.
Em um momento que eu deveria ter contornado ou até sugerido algo melhor com mais ênfase, baixei a cabeça e segui o topdown sem argumentar. Isso levou, em um dos produtos que trabalhei o ano passado, em um colapso estratégico: de repente o produto era pra todo mundo, todo mundo era o público alvo, todo mundo tinha problema. Virou o caos.
Aprendi que o meu sucesso viria de sugerir e lutar por melhores estratégias, mesmo que isso significasse dizer mais não do que sim. Depois desse bololô, aprendi muito. Às vezes, a ideia maluca do CEO não é o melhor caminho e a gente precisa ter ferramenta pra refutar.
Aprendizagem no dia a dia
Amanda é aliada perene dos livros:
Já fui muito cabeça dura, teimosa igual touro bravo. Hoje em dia, já sou mais resiliente e escuto, aprendo, aplico. Logo eu, a Filósofa de Produto, já fui cabeçuda. O melhor jeito de aprender, pra mim, quando falamos de tendência e coisa nova, é pelos livros. Podcast e cursos não funcionam muito pra mim (sou arcaica), então pelos livros e artigos me conecto melhor. É quase como se, pra aprender, eu precisasse de um storytelling (até nisso!). Histórias bem contadas ensinam muito.
Referências e inspirações no mundo de produtos
Você vai rir, mas é o Goodreads. Nem é porque eu sou escritora e amo ler e talvez esse seja o produto que eu mais uso há anos, mas é porque sou apaixonada em soluções de nicho. Esse app é feito para o nicho de leitores e atende a um monte de necessidades que a gente tem (por exemplo, leu um livro e quer ver um livro que seja parecido e etc). As funcionalidades fogem do óbvio e eles fazem o básico bem feito.
Além desse produto, a Amanda também tem as suas pessoas que são referências na área:
Vou puxar a sardinha pro Mulheres de Produto, mas é inevitável. Talita Morais e Jacque Asano foram os primeiros nomes que vem a minha cabeça quando falamos de referências e não só por terem fundado o MDP, mas por permanecerem na comunidade com veracidade e originalidade, no mesmo tom que as fizeram fundar a comunidade. E eu admiro muito isso. Tirando as divas, Thaís Rigolon (sim!), Lainy Moraes e o combo de Éricas (Briones e Fer) e Érika Oliveira, também membros de ouro da comunidade que me inspiram. E que honra poder ser amiga delas. Histórias reais e produtos feitos por mulheres brasileiras, isso é que é referência.
Dica e curiosidade da Amanda
Uma série e um livro 📖
Ui, cuidado, posso ter quantas páginas aqui? Vamos por partes
Série: Ted Lasso - lições lindas de vulnerabilidade e honestidade com risadas e choro. Perfeito!
Livro: Biblioteca dos Sonhos Secretos - Antes de empreender e abrir minha editora eu tinha muitos receios. Esse livro abriu meu coração. Recomendo pra todo mundo que tem sonhos secretos.
Uma curiosidade 💬
Adoro RPG de mesa e sim, boa parte da minha semana é tomada por sessões de jogo!
Um recado final
Busque histórias que te inspirem, pode ser um post, num livro ou num filme, quem sabe até numa música e um jogo, mas se inspire. No fim do dia, quando a gente fecha os olhos pra dormir, precisamos nos lembrar de alguma história. E que ela seja boa.
Jornada inspiradora! É ótimo acompanhar a Amanda! Parabéns Thaís pelo trabalho realizado aqui. <3